“Rejeitado pela mãe e pelo padrasto, fugido da casa paterna para não morrer sob espancamento, porque eram espancamentos seguidos de espncamentos, Claudius fez das ruas seu novo lar. Entre o frio, a fome e o abandono, amadureceu rapidamente. Conheceu de perto o inferno e, depois, o céu. Foi pelas mãos de Fátima que ele saiu da lama. Ganhou algumas roupas, um par de sapatos, um teto e, o principal, um emprego. Enquanto crescia no trabalho, ia descontando o tempo perdido. Para Claudius, a Aids era um problema ‘dos outros’, jamais aconteceria com ele. Dos 18 aos 30 anos, ‘correu atrás do prejuízo’; todo dia saía com uma garota. Quanto à Aids, ‘se pegar, pegou’, costumava dizer. Pegou… Perdeu o emprego, a casa, os amigos… Mas levantou a cabeça e redescobriu a dignidade e o valor da vida, depois de se tornar um soropositivo…”

A foto é de 1969, quando eu tinha cinco anos. Não sei por quê, mas tenho a impressão de que o olhar daquela criança, que em verdade era eu, já podia, de alguma forma, enxergar, no horizonte, a imensa tempestade que se elevaria sobrebre si, algum dia…
Minha história é, penso eu, muito comum. O fato é que conheço algumas pessoas que passaram pelo mesmo caminho e estão por aí, tocando a vida. Saí de casa ainda criança, com doze anos, não suportando a violência de meu pai; fui procurar minha mãe, que fugira de casa dois anos antes, atrás de uma aventura, algo menos sofrido do que a vida com o marido que ela foi levada a se casar para não ser devolvida a um orfanato, numa história sórdida que começa com um “homem” deixado à espera da noiva… no altar… (ela deve ter tido, pelo menos, uma premonição, talvez a visão de um espírito que a amava e tomou a decisão certa e evadiu-se do casamento, para alcançar, quem sabe, uma eventual possibilidade de felicidade numa época em que o casamento era quase um contrato draconiano de adesão à uma vida em que seria sempre a figura inferior, indigna de atenção, merecimento e, o voto, era sempre igual ao do marido). Pareceu-me natural buscá-la, seu refúgio, seu colo, seu carinho, seu amparo… Mas me lembro bem de o meu possível padrasto (carrasco) ter dito a ela que não aceitaria, na casa dele, o filho de filho da puta nenhum… Minha mãe, sempre tíbia no caráter, aceitou isso com a submissão que sempre lhe foi própria quando algo lhe era conveniente e me encaminhou para as ruas, onde vivi cinco anos, entre o frio, a fome, a criminalidade, a discriminação, o abuso de toda ordem…
“É preciso amar as pessoas como se não houvesse amanhã.”
Renato Russo
Não vou narrar cada inverno, cada dia e cada hora; cada um imagine por si só o que é a vida nas ruas.
Mas, asseguro-lhes que ninguém sai delas sem a ajuda de outro alguém. Ninguém escapa do inferno sozinho, sem ajuda. Você pode até sobreviver indefinidamente no inferno, sozinho, mas, para sair de lá, precisará, sem dúvida, de ajuda. É um círculo vicioso em que você não consegue as coisas que precisa porque não as têm. Não tem casa porque não tem trabalho; não tem trabalho porque não toma banho; não toma banho porque não tem casa e assim vai, como num moto-perpétuo.
Mas para mim houve este alguém. O meu alguém, o meu anjo, foi uma mulher. Destas que a ausência de sabedoria popular chama de “mulher da vida” ou “mulher de vida fácil” (vá lá viver esta vida e você saberá o quanto ela é fácil).
Não foi uma freira nem uma dama da sociedade beneficente, nem uma senhora da liga espírita ou esposa de um pastor evangélico.
Foi uma prostituta.
Esse rótulo deixo por conta de vocês que lêem e discriminam. Eu mesmo a chamo de anjo.
Deu-me um lugar para dormir, para tomar banho, duas calças, três camisas e um par de sapatos apertados (nunca esquecerei o aperto daqueles sapatos e da alegria com que eu os calçava) que comprou em uma loja de usados. E o principal: arranjou-me um emprego de lavador de pratos em uma boate em São Paulo — o Louvre — que já fechou há, pelo menos, dez anos.
Era pobre — a vida foi cruel com ela — a minha Fátima. Alguém, por uma razão qualquer, queimou seu rosto com ácido. Dizem que por vingança.
Não sei que tipo de ácido, nunca me importei em saber qual o motivo. Sei que o estrago foi grande, e uma pessoa que vive de vender seus favores precisa ser bela, tem que ser atraente. Uma mancha negra, cobrindo 50% de seu rosto e parte de um dos seios não ajudava muito e tudo era muito difícil para ela. Fátima enfrentava dificuldades, até mesmo uma epilepsia que, segundo ela, era conseqüência do ataque que sofreu. E enfrentava muitas humilhações, de clientes e de colegas de serviço.
Isso tudo não serviu de obstáculo a ela. Fez o que pôde e, certamente, o que não pôde para me reerguer ao patamar mínimo de dignidade humana.
Esse anjo entrou e saiu de minha vida como um raio. Três ou quatro meses. Sumiu sem dizer adeus e sem me dar a oportunidade de lhe agradecer. Deixou a nota da lavanderia paga e um mês de diárias pagas num determinado hoteleco na boca do lixo. Agradeço-lhe aqui e fico na esperança de que me leia, de que se lembre e saiba que lhe sou grato, que nunca a esqueci e que nunca a esquecerei, nem poderia. Nem mesmo sei se seu nome era Fátima realmente ou se era um nome fictício. Isso sempre tornou minhas buscas por ela muito difíceis e sem resultados tangíveis. Nunca mais a vi.
Desde então me pergunto quem tinha sido realmente minha mãe: aquela em cujo útero habitei e cujo leite tomei ou aquela outra (…) que a sociedade renegou e rotulou como quis, depois de usar como bem entendeu…
Nunca pude chegar a uma conclusão definitiva sobre isso. Mas não importa. Interessa o que ela fez.
O fato é que, depois de ter recuperado a dignidade, recuperei também a consciência. E isso me fez pensar. Pensando, odiei minha mãe com todas as forças de meu ser. Às almas mais sensíveis que se choquem com essa declaração, eu ofereço meus cinco anos de escuridão, medo, frio e fome como parâmetro de raciocínio. Talvez deva bastar. Se não for suficiente, ofereço os socos e pontapés que troquei, muitas vezes, para garantir um sanduíche.
O ódio é um sentimento como qualquer outro e, para ser extinto, requer tempo ou algo que o compense.
Muitos anos se passaram assim, sem que eu me preocupasse em saber se ela, minha mãe biológica, vivia ou não, se estava bem ou mal, pouco me importava o destino dela. Era uma questão de reciprocidade: a indiferença dela pela minha.
Parece-me justo. Justíssimo.
Mas essa mesma indiferença foi sepultando o ódio e a mágoa, a dor, o medo, a angústia de me saber sem mãe, sem origens.
Na boate, não demorou muito até que fizesse amigos e amigas. Em um ano, eu era o sonoplasta da casa. Na verdade, o ajudante do sonoplasta (é o que chamam hoje de DJ). Muitas namoradas, todo dia uma diferente, nunca me fixei em nenhuma.
Acho que, certamente, tentava compensar o tempo perdido, a ausência de carinho e de afeto, os anos perdidos de minha adolescência. Embalei nessa loucura e nunca mais parei. Entre 18 e 30 anos de idade, tudo o que fiz foi “correr atrás do prejuízo”.
Eu sabia, sempre soube, da existência da Aids. Tinha visto algumas pessoas morrerem “disso”, completamente excluídas do grupo a que pertenceram. Mas achava que era um problema dos outros e que nunca aconteceria comigo, mas tinha também uma coisa que eu pensava: se “pegar, foda-se”. Foda-se.
Pois bem, acabei exatamente assim, fodido.
Mas antes de me danar, me diverti e fui feliz pacas (de certa forma, ainda sou!).Trocava de namorada todo dia e, às vezes, mais de uma vez ao dia.
E para quem acha que eu estou contando “groselha”, o cara do camisão de cor estranha sou eu, numa versão 25 anos, quando cheguei à posição de radialista, com direito a Carteira de Imprensa. Neste vídeo, está uma pessoa a quem eu amei como a um pai e, de certa forma, ele foi isso para mim, me incutindo as bases dos conceitos de moral e de ética, responsabilidade e respeito, que eu só pude estabelecer verdadeiramente em minha vida, depois do diagnóstico por HIV.
Afastei-me dele no dia em que tive a certeza absoluta e irremediável que ele se envergonhava de mim, por eu assumir a minha condição de portador e HIV e, com base nisso, muita coisa que poderia ter sido feita para melhorar este trabalho não foi feita porque ele reza pela cartilha que ensina que os doentes representam o fracasso.
De algumas não lembro sequer o rosto. De outras, guardo, ao menos, o nome. Mas existiram algumas que marcaram minha vida tanto quanto ela, o meu anjo, de forma diferente, mas irretocável.
Simone, Flávia, Débora, Dayse, Cássia, Paula, Ana Cláudia, Claudia Vieira, Laura (um caso à parte), Raquel, Potira (índia mesmo, lá do Xingu). A cada uma delas amei ardentemente e, creio, fui amado por elas tanto quanto poderia ser amado um homem que, segundo elas mesmas, jamais pertenceria apenas a uma mulher.
Nem todas partiram felizes. Algumas saíram de minha vida em guerra comigo e com a vida. Mas a vida e a guerra têm algo em comum que não sei dissociar…
Mas houve, em especial, alguém que se chamava Gabi…
Ah! Gabi… Que outras não te saibam a existência. Que fique entre nós o que houve entre nós.
Você, que me seqüestrou numa madrugada perigosa, fez da minha vida uma montanha-russa cheia de surpresas, alegrias, transtornos, beijos, abraços, luzes de todas as cores e matizes, sinos de todos os tons…
Você que me amou e que partiu de repente como no soneto. Você, a quem amei como nunca amara antes e que me ensinou que não possuímos ninguém, apenas dividimos momentos e que sempre me foi fiel e leal, na medida do que poderia ter sido leal e fiel, sem nada cobrar, sem nada exigir, que não fosse compreensão, cumplicidade e carinho. Fui seu cúmplice, você foi minha deusa, e caminhamos muito tempo, lado a lado, com o olhar no horizonte, buscando algo que nunca soubemos o que era…
Sofri um bocado quando você partiu, você sabe, você lembra… mas tem aquilo… Se eu levo ainda seu sabor, certamente levarás sabor de mim…
Mas toquei a vida para frente, prossegui ouvindo meus discos, animando meus bailes, beijando minhas garotas, curtindo a vida com os amigos, às vezes dia adentro, até quase meio-dia. Uma vida bem louca, cheia de altos e baixos, amores e desamores, afetos e desafetos, construções e ruínas. Mas fui me desiludindo com a noite, que já não oferecia mais o que eu estava acostumado a esperar dela. A noite mudou, deixou de ser uma coisa romântica e passou a ser um comércio banal de corpos e drogas. Isso me entristecia. Não era o que eu queria da vida. Talvez não tenha sido a noite que tenha mudado. Talvez tenha sido eu quem tenha mudado a maneira de ver a noite.
E no meio do caminho, em algum lugar, com tantos descuidos, um vírus se instalou em mim, silenciosamente, e começou seu trabalho. Eu nada sabia.
A minha insatisfação com tudo fazia com que eu quisesse mudar de vida, queria uma outra alternativa e não conseguia encontrá-la.
Aos 30 anos, conheci Simone. Ela, uma mulher de outro mundo, levantava às seis da manhã e trabalhava o dia inteiro. Éramos o sol e a lua, eu era a lua… Era interessante acordá-la às seis da manhã com mil gracejos e piadas, fazendo com que ela sorrisse logo cedo e saísse, animada, para o trabalho, até as seis da tarde, quando eu a encontrava e passeávamos até a hora de eu ir trabalhar.
Nesta hora, ela emburrava e dizia: “Claudius, isso não dá futuro. Você precisa mudar de vida”.
Foi ela quem me apresentou a esta entidade, o computador, e me passou os primeiros rudimentos da arte de usá-lo mesmo sem compreender. Foi o início da mudança, que seria gradativa, penosa, difícil, mas que eu faria, por amor. Entretanto, ela não teve a paciência necessária para esperar essa transformação e me deixou, numa noite de sábado, sem maiores explicações.
Tudo o que restou foi a lembrança de um romance rápido, tórrido, maluco, ardente… Marcou-me profundamente. Creio que amei essa mulher e, quando a perdi, fiquei muito doente, com depressão.
A princípio, diagnosticaram gripe. Tratei como gripe durante 28 dias. Era uma meningite viral. Dei entrada no Hospital Bandeirantes entre a vida e a morte e permaneci internado um bom tempo lá. A médica, não me recordo o nome, pediu-me autorização para fazer o exame de HIV. Naquele estado, eu autorizaria qualquer coisa e, quando acordei, no dia 13 de novembro de 1994, às 15h43 mim, o resultado esperava-me:
Soropositivo.
O mundo desabou para mim. Descobri, em segundos, que estava tudo perdido, que em poucos dias eu secaria como uma planta em um vaso sem água e morreria.
Tive medo, pânico e terror. Nada sabia sobre a doença. Apenas que era fatal, que mataria em poucos meses. Nunca havia me importado com as notícias sobre a AIDS; na verdade, eu não sabia nada, era um problema dos outros. Chorei e pensei em me matar, mas achei que o mínimo que podia se esperar de mim era o suportar com coragem o que quer que estivesse por vir.
Assim, como percebem, não me matei. Decidi por esperar e agüentar as conseqüências de minha irresponsabilidade, de meus descuidos. Era o mínimo a fazer: suportar com decência as conseqüências de meus descuidos.
Lembrei-me de que, pouco antes, tive uma namorada, que nunca usáramos camisinha (a Simone). Julguei que a tivesse matado, que era culpa minha e só minha. Não me passou pela cabeça que poderia ter sido ela quem me transmitiu a doença. Era uma hipótese palpável, mas eu não enxergava isso. Sabia que tinha de falar com ela, avisá-la, dar a ela a oportunidade de saber e se preparar como fosse melhor. Estava muito perto do Natal e decidi esperar que o ano acabasse. Foi uma barra duríssima aguardar tanto tempo. Este fez questão de se arrastar. Eu sabia que tinha a obrigação, o dever moral de alertá-la para que tivesse as mesmas oportunidades que eu de se tratar e lutar pela vida. Mas havia o medo da reação dela, do que eu ouviria dela, uma pessoa tão querida, tão amada. Depois dessas datas festivas, não tive coragem de falar. A cada dia inventava uma nova desculpa para mim mesmo e protelava para amanhã. Um amigo, um querido amigo, fez isso por mim, atendendo a um pedido meu. Disse-me que se arrependeu no exato segundo em que revelou a ela o que se passava comigo, que foi difícil acalmá-la e mantê-la no eixo. Mas fez os exames e deram resultados negativos, repetidas vezes.
Foi para mim um grande alívio saber que não transmiti para ela o vírus. Acho que não teria suportado essa culpa. Ela sumiu, preferiu me ignorar e esquecer. Tudo o que fez, desde então, foi me escrever uma carta, na qual dizia que guardaria para sempre, com carinho, os dias e as noites que passáramos juntos… Paciência. Mencionou também a intenção de doar uma cesta básica todo mês para a casa de apoio em que passei a viver. Ao diabo com ela e com a cesta básica. Doeu muito isso, mas hoje já passou, tudo passa até a indiferença.
Por não ter conseguido jamais manter uma relação estável, descobri-me só, sem amigos, sem ninguém que me apoiasse por não ter ninguém que realmente me amasse e os que me amavam não sabiam. Eu escondia por medo e vergonha.
Novas Perdas
Perdi meu emprego, perdi minha casa… Na verdade, um quarto de hotel, na Rua Aurora. Fui abandonado pelos supostos amigos que tinha. Assim é a vida. Não tenho muita certeza se posso confiar em pessoas. Elas são como cataventos e mudam com o tempo. E este é imprevisível.
Fui viver em casas de apoio, nas ruas, e bati muito a cabeça por aí. Mas o tempo passou e eu não morri. Não sequei como uma planta em um vaso sem água. Descobri que a vida era possível mesmo com o HIV, e que portá-lo não significava uma sentença de morte. Decidi, então, lutar por minha vida, por minha dignidade de ser humano.
Nesse período, entre tantas coisas, além de meu autojulgamento, no qual fui um juiz impiedoso, um acusador tenaz e um fraco defensor, considerei-me responsável por muitas coisas e, no decorrer do processo, levei minha mãe ao tribunal de minha consciência, amarrada e amordaçada, olhei para ela, enchi-me de piedade e decidi-me por perdoá-la.
Mas perdoar mentalmente não bastava, era preciso levar este perdão até ela de uma maneira ou de outra. Era necessário encontrá-la, achá-la, abraçá-la e deixar o passado soterrado nas areias que tudo consomem…
Foi uma longa e diligente busca. Sou hábil em encontrar coisas e pessoas supostamente perdidas. (A única falha foi não encontrar Fátima, mas acredito que ela não queira ser encontrada, sumiu sem deixar vestígios.) Coisa que aprendi na noite, nas ruas, na vida…
O Reencontro com a Mãe
Quando achei minha mãe, três anos atrás, encontrei uma mulher envelhecida, torturada pelo tempo e pelo remorso, agarrada a um Deus que ela não conhece, dilacerada por um câncer que ela não tratou e lhe tomou os símbolos de sua maternidade (…). (A justiça faz-se, queiramos ou não, e se faz sempre no ponto exato em que falhamos, nos apontando a exata falha de nosso caráter. Basta que olhemos para nós mesmos e saberemos onde estamos errando…)
Conversamos muito. Percebi que ela estava perdendo o pouco que lhe restava de sanidade mental, apegando-se a fantasmas, ilusões e arrependimentos tardios, mas de alta monta.
Nunca me vi tão apiedado de alguém. E não sei até onde o meu ódio de outros anos pode ter gerado energias ruins que a tenham prejudicado de forma tão intensa.
Mas piedade não é amor. E arrependimento tardio também não o é. E é justamente o amor que conduz o navio.
De uma maneira ou de outra quebrou-se o vínculo de amor que nos unia e, penso eu, jamais será reatado…
Até porque não há mais tempo.
O câncer que a dilacerou e que ela fez questão de não tratar porque o Senhor a curaria (Ele cura, mas não dispensa o empenho de médicos e o sacrifício da quimioterapia) espalhou-se e está consumindo o que lhe resta de vida, se é que já não acabou com tudo.
Na última vez que a vi, estava mal e indiferente a mim. Não procurei saber mais nada. É o conceito da reciprocidade aliado à consciência de que tenho de me bastar a mim mesmo.
Desde o diagnóstico positivo, sentia um imenso desprezo por mim mesmo e pela vida que havia vivido até então. Decidi recomeçar. Procurei aprender um pouco mais sobre informática para poder ter meios de subsistência (devo isso à Simone). Aprendi o bastante para poder montar as máquinas que uso e, de vez em quando, fazer alguma manutenção e arranjar alguns trocados. Hoje já faço até alguns sites… Não dá muito, mas vou levando. Tenho projetos maiores, mas me faltam recursos.
Enquanto vivia na casa de apoio, achava que ia enlouquecer pela ausência de perspectiva de vida, pela falta de um horizonte, pela carência de uma esperança. As casas de apoio cumprem um determinado papel social, mas não era isso o que eu procurava. Não queria um lugar para esperar a morte chegar, queria lutar pela minha vida, na amplitude do que compreendo como vida.
De repente, tudo mudou, quase casualmente. Havia um novo paciente na casa de apoio, o Waldir, muito debilitado, que precisava ir ao Hospital Dia diariamente. Não havia quem o acompanhasse e me perguntaram se eu faria isso.
Disse que sim. Afinal, era uma oportunidade de ser útil e uma possibilidade a mais de sair, ver o mundo, pessoas, clarear meus pensamentos.
Era uma rotina relativamente simples: de manhã, eu lhe dava um banho, limpava suas escaras (tive de aprender muito sobre a fragilidade humana e reconhecer que poderia ser eu no lugar dele, algum dia…), fazia os curativos conforme me ensinara a enfermeira e o encaminhava, passo após passo, para a ambulância, conhecida como “papa tudo”, uma ironia sem limites…
Chegando ao hospital, colocava-o numa cadeira de rodas e levava-o ao terceiro andar, onde era colocado num leito e recebia medicação endovenosa. Ficava lá, assim, o dia inteiro.
Eu não sabia o que ele tinha, mas era algo terrível, pois ele mal se sustentava sobre suas pernas. Precisa de apoio para ir ao banheiro, para comer, para tudo… Até um copo com água ele não era capaz de segurar. Mesmo assim encontrei tempo para conhecer os outros pacientes daquele andar e fui, na medida do possível, fazendo amizades, conhecendo aquelas pessoas, suas histórias, fazendo delas, minha família. Ganhei até mesmo a confiança dos médicos e dos enfermeiros que passaram a ver em mim um ajudante, alguém a mais para colaborar.
Buscava cadeira de rodas, empurrava macas, fazia tudo aquilo que poderia para ajudar.
Trazia água para um paciente, alertava enfermeiras sobre o soro que acabara, a veia que se perdera, aprendi muito sobre a rotina de um hospital e devo isso a cada uma das pessoas que tive o privilégio de servir.
Novos Estímulos
Mas foi neste período que aprendi a valorizar não apenas a vida, mas o mundo em si. O mundo ganhou som Dolby Surround e cores em Technicolor. Cada pessoa que via, mesmo um estranho, me parecia por demais importante para que eu pudesse ignorá-lo. Um pássaro que desse um pio era um sinal de que eu estava vivo e que podia ouvi-lo. A vida tornou-se sagrada para mim, importante demais para que se pudesse ser desperdiçada. Cada dia, cada segundo ganhou uma importância capital em minha maneira de perceber as coisas. Estava renascendo, um parto diferente, em que um adulto novo sai de dentro de um adulto velho, como uma borboleta que salta de um casulo, com esforço hercúleo, buscando o calor do Sol para lhe distender as asas e alçar os vôos que lhe cabem. Muito do que reaprendi da vida, o fiz dentro de um hospital, onde se lutava pela vida a cada instante e nem sempre se podia vencer. Amar não pelo medo da morte, mas pela importância da vida, que é o que temos de mais sagrado, o dom da vida, que sempre encontra uma alternativa, se você lhe dá uma oportunidade. Assim, resolvi dar todas as chances possíveis à vida, e ela tem me dado todos os retornos que me demonstro capaz de receber.
Mas voltemos às pessoas. Dentre os que lá conheci, havia uma moça chamada Mércia que, segundo contavam, havia chegado ao estágio terminal da doença e tinha conseguido voltar (…). Eram os efeitos da terapia combinada que começavam a salvar algumas vidas.
Mércia contraiu o HIV do marido e foi colhida de surpresa por um diagnóstico positivo de HIV em virtude de um sem-número de infecções oportunistas que atacaram e mataram seu marido em período de cinco meses. Ela também não estava legal.
Eu me pergunto sempre como uma pessoa começa a ficar doente disso ou daquilo e ninguém se incomoda em fazer um exame mais aprofundado; pergunto-me também como a pessoa não percebe que algo está errado e deixa ir até o fim, ao “deus-dará”… Deve ser o medo de saber, mas não estar ciente não significa que o problema não exista. E se há uma dificuldade, o melhor é enfrentá-la de frente, de preferência em seu território.
Mas quando conheci Mércia, ela estava melhor, já tinha voltado a andar como uma patinha choca. Eu sempre dizia isso para ela, que sorria… E estava repleta de esperanças, pensava em um recomeço.
Porém tinha de estar lá todo dia e receber medicação endovenosa. As picadas a torturavam, não havia mais veia que pudesse ser achada sem uma busca de 30, 50 minutos. E ela chorava só de ver a agulha. Acho que isso piorava ainda mais a situação de suas veias. Eu sempre passava por ali às oito e meia da manhã para tentar ajudar. Abraçava-a e ficava falando besteiras no ouvido dela. Passava cantadas cabeludas na menina de 37 anos, e ela ria como uma criança. Ao menos se distraía, e a danada da agulha entrava, levando vida, improvisando sobrevivência.
Isso durou uns dois meses, e ela teve alta.
Neste meio tempo, o Waldir foi piorando a cada dia. Mas não me lembro de ter visto ou ouvido uma única reclamação, uma única lágrima de dor, nada. Uma dignidade inominável, uma coragem, para mim, completamente desconhecida.
Depois de tanto trabalho com o Waldir, ganhei um fim de semana como presente. Pude rever algumas pessoas a quem eu ainda amo, assumindo o compromisso de voltar na segunda-feira. Confesso que foi um alívio. Estava cansado de ver dor, sofrimento, angústia e me sentir impotente. Foi um fim de semana em que eu deveria ter relaxado. Mas não consegui. Pensava no Waldir a todo momento.
Será que o estão alimentando? Será que deram banho nele? Será que ele está bem cuidado? Será que ele julga que eu o abandonei?
Será?
Será?
Era um mar de perguntas e, na segunda-feira, desabei na casa de apoio, procurando por ele.
Um sorriso cínico proveniente de outro paciente e a notificação:
“Waldir está nas últimas. Nós até já repartimos as coisas deles. Aqui é assim…”.
Disparei para o hospital, quarto andar, entrei praticamente à força. Queria vê-lo, dizer algumas palavras, dar-lhe um abraço, pedir perdão por algum erro que tivesse cometido… Um aperto de mão, qualquer coisa que pudesse selar nossa amizade no momento de sua partida.
O quadro que vi era aterrador e compreendi imediatamente o porquê de tentarem me impedir de vê-lo.
Waldir já não reconhecia nada, não me via. Olhava em volta de si como se visse outras pessoas, outras coisas… Dentro do novo contexto que se aproximava dele, eu nada significava.
Saí do quarto em silêncio, olhos úmidos, coração endurecido, magoado comigo mesmo e com a vida. Eu ambicionava elevá-lo a um patamar melhor, no qual pudesse desfrutar mais e melhor o dom da vida. Considerava que a minha “folga” o matara.
Sentei-me na sala de espera e aguardei a notificação. Passaram-se mais de 19 horas antes que aquilo acabasse e ele pudesse, finalmente, repousar.
Liguei para a administração da casa de apoio que me pediu que cuidasse (sic) do funeral.
Nunca tinha eu lidado com a morte tão de perto. Papéis, documentos, atestados, autópsias.
Tuberculose miliar (disseminada por todo o corpo), segundo me explicaram. Isso matou o Waldir.
Depois de três dias, o corpo dele foi liberado, num caixão de papelão, pintado de preto, frágil como a própria vida, daqueles bem baratos, e fomos nós, o motorista, o Waldir e eu, em direção à Vila Formosa, onde ele seria deixado. Lembro-me de que a expressão do rosto dele era de serenidade, pois o vi bem, antes de fechar o caixão…
Não havia quem me ajudasse a carregar o caixão até o túmulo. O motorista se recusou. Depois de muito implorar, consegui que três pessoas, que participavam de outro funeral, me auxiliassem neste, que era meu último serviço prestado ao Waldir.
Não pude, porque não tinha um tostão, plantar uma flor naquele túmulo, que nem sei onde fica…
De volta para as Ruas
Voltei para a casa de apoio e chorei. Era só o que me restava…
Senti, definitivamente, que ali não era meu lugar, não cabia a minha pessoa dentro de um local daqueles. Procurei outra casa de apoio e, novamente, não me adaptei. Preferi as ruas, onde tudo é mais difícil, mas pelo menos poderia determinar os rumos de minha vida. Fui catar latas, papelão, garrafas e fazer algum dinheiro. Era uma guerra. Trabalhei como camelô, vendi bichinhos virtuais, refrigerantes, tudo e qualquer coisa. Muitas vezes tendo de defender meu direito ao trabalho na base dos socos e pontapés, só para variar… Refiz minha vida aos poucos…
Às vezes, o dinheiro que eu ganhava me deixava uma escolha: Comer ou dormir?
Optava por dormir num dia e comer no outro, se a sorte fosse melhor. Mas fui me capitalizando, crescendo, me refazendo, sem pânicos, mas com alguma incerteza.
Meses depois de sair da casa de apoio, entrei no CRTA para cuidar de mim mesmo e vim descendo os oito andares pelas escadas. Fui até o alto do prédio, porque queria ter a oportunidade de encontrar o maior número possível de pessoas conhecidas. Passando por todos os quartos, acabei reencontrando Mércia, que dormitava, de olhos abertos, bastante abatida, tão abatida que me assustei. Ela também se assustou com a chegada repentina de uma pessoa e acordou.
Não havia muito a dizer. Eu percebia claramente que era o fim, já tinha aprendido a identificar a morte em andamento. E ela me disse assim:
— Cláudio, estou cansada. Não quero mais viver. Já não agüento mais tudo isso.
Mesmo sem esperança, ralhei com ela e disse que vivesse, que lutasse, que não cedesse agora que estava tão perto (do quê?!), que seguisse só mais um dia, que ela vivesse um dia por vez.
Ela me disse que vinha vivendo um dia por vez há muito tempo, e que depois disso passou a viver uma hora por vez, agora contava os minutos…
Fiquei com ela o quanto pude, mas tinha que ir embora. Era uma sexta-feira, e a vida me chamava lá fora, me cobrando obrigações e compromissos…
Quando eu falei que ia embora, ela me abraçou e agradeceu:
— Obrigada por tudo, Cláudio
Chorei, como choro agora, e não tive palavra… Foi a última vez que a vi em vida na Terra. Faleceu em casa, junto aos seus, que se sentiram de certa forma aliviados(…).
Fui tocando a vida como pude, trabalhando como era possível, conhecendo o preconceito de perto e sentindo como sua lâmina é afiada e cruel, insidiosa e pérfida.
Emprego? Nem pensar. Ninguém emprega uma pessoa que falta ao trabalho uma vez ao mês. Vou me virando.
Casei-me com uma moça, adorada por mim, que não tinha o vírus e não o tem até hoje. Sempre que transamos, usamos camisinha. Sabemos que nossas vidas são mais importantes que a ausência do látex, procuramos nos respeitar e nos amar.
Para permanecer vivo e saudável, sigo à risca as prescrições de meus medicamentos, regularmente, de tantas em tantas horas, todos os dias. É uma barra. Difícil de controlar, mas essencial. Uso agenda, computador e amigos, além de minha amada esposa para não perder os horários. Vou administrando os remédios como quem administra o oxigênio num submarino afundado.
Hoje mantenho meu site (www.soropositivo.org), enquanto espero pela cura ou por outra coisa, seja o que for, até mesmo um patrocínio. Tenho objetivos, quero ajudar a mudar este quadro de discriminação e, se não puder fazer tudo sozinho, ao menos poderei lançar as bases de um modo mais digno de viver para os portadores de HIV.
Estou reunindo pessoas em volta de mim. Não de mim, mas de minhas idéias, que vão se espalhar devagar e sempre, até que seja uma onda incontrolável.
Talvez eu não viva para ver isso. Mas não importa este ponto.
O mais importante é que assim como eu, outras pessoas têm uma história parecida com a minha e estão vivas. Não sou um milagre, não sou uma exceção.
A vida é sempre possível, mesmo com o HIV.
É preciso que as pessoas se conscientizem disso.
Estamos vivos e queremos continuar vivos.
Somos chefes de família, arrimos de famílias, responsáveis por nossos destinos.
Temos as mesmas obrigações que todas as outras pessoas. É bastante coerente que tenhamos as mesmas oportunidades. Não é justo que sejamos excluídos da vida apenas por estarmos doentes e por termos de nos tratar periodicamente.
Somos dignos de respeito como seres humanos que somos.
Somos dignos de amor como qualquer outra pessoa.
E, sobretudo, somos dignos da vida.
Não se solidarize comigo. Solidarize-se com o mundo que é seu também.
Claudio S.S. — Webmaster, 38 anos – Um Soropositivo desde os 30anos — Piracicaba/SP
Texto publicado no Livro histórias de coragem, da da Editora Madras, que é uma coletânea com 14 depoimentos de pessoas vivendo com HIV ou AIDS. Cada texto foi comentado por uma pessoa da mídia, formadora de opinião e quem comentou o meu textos foi o Repórter Marcos Uchoa
e-mail: soropositivowebsite@gmail.com
Preditores de neuropatia periférica relacionada ao HIV na era moderna
Comentário A primeira coisa que me ocorreu fazer depois de ler o texto do Cláudio foi lê-lo para meus três filhos. Não como um alerta “Cuidado com a AIDS! ”, a consciência do perigo dessa doença poderia ser prematura para eles, que afinal são crianças, embora importante ainda assim. No entanto, acho que o que Cláudio fez foi escrever sobre coisas que nos tocam bem mais do que a Aids. Usando as palavras dele, somos “um juiz impiedoso, um acusador tenaz, um fraco defensor…” do outro, raramente de nós mesmos. Tanta paixão ao atacar, tão pouca compaixão ao defender… E nos encosta numa parede moral. Faz de certa forma a pergunta: Você que quer ajudar? Quer mesmo? Qualquer pessoa, de qualquer forma, pode fazer uma diferença no mundo, se quiser. Depois de ler o que o Cláudio escreveu, meio envergonhado, meio entusiasmado, pensei: Eu quero. Marcos Uchoa Jornalista |
PS. A pessoa a quem eu me referia como minha amada esposa, cujo nome não grafei antes e não grafarei agora, era uma espécie de demônio particular que eu tinha, que chegou ao ponto supremo de dizer: “Que doencinha de merda esta que você tem”!.
Sei que, depois da publicação do livro tive um entrever qualquer com ela, posto que eu não pusera o nome dela no livro (vaidade das vaidades, é tudo vaidade) e, algum tempo depois, não mais suportando o mal humor dela, nua manhã de sábado eu acordei e, vendo-a de costas, sentada à mesa, fazendo seu desjejum, desejei-lhe bom dia duas vezes e ela me respondeu assim:
“Como posso ter um bom dia se a primeira pessoa que eu vejo é você?”
Agarrei a oportunidade como o esquilo agarra a avelã:
Não se preocupe então pois em pouco mais de uma semana eu já terei deixado esta casa…
e ela: Vai embora assim? Não vai esperar nem o natal.
Eu disse que eu e minha doencinha não aguentávamos mais ver a cara dela, num regime de reciprocidade em que o mais urgente era desfazer o casal e foi assim que, um semana depois, eu já estava estabelecido, mal e porcamente, em São Paulo… o resto, é vida que corre e vocês só saberão quando sair meu livro, memórias de um homem da noite
Aqui eu encontrei algo a acrescentar. Uma musica do Queen chamada Spread your wings. Foi meu primeiro esforço em traduzir uma coisa e, olhando para ela, agora, aqui em 2016, parece que eu traduzi, sem perceber, a minha própria profecia…
HOSPITAL DAS CLÍNICAS DA FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
DIVISÃO DE MOLÉSTIAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
SERVIÇO IE EXTENSÃO
Rua Ferreira de Araújo, 789 Pinheiros
São Paulo -SP É 11-30**-1***
LAUDO MÉDICO
Oe acordo com o que preceitua o Código de Ética Médica, nos termos da legislação vigente e de conformidade com o pedido formulado pelo interessado, declaro que o Sr Claudio Santos de Souza, matricula no serviço sob registro RG3256664J, está em acompanhamento regular com seguintes diagnósticos/ClD•10 até o presente momento:
#HlV/Aids diagnóstico em 11/1994 / 18:24}
#Candidíase oral 1996 {B20.4)
#lnfecção latente tuberculosa tratada com Isoniazida em 1997 (Z20A}
#Arritmia cardiaca: bloqueio parcial ramo O/bradicardia sinusal por antidepressivos triciclicos em 2006 (149-9/qoo,1}
#0epressão (F321 Dislipidemia (E78.5j Diabetes fE14,} Obesidade IE66,)
#PO tardio de gastroplastia redutora {técnica Capella 10/2011) #Embolia Pulmonar 1126.} em 2011 + hipertensão pulmonar
#HAS {110) controlada após cirurgia bariátrica Catarata {H26,9)
#5ífilis (A51.O) gonorréia herpes genital IABO} Litíase vesicular (K80,5}
#Trombose venosa profunda/tromboftebite MMII de repetição {182.9}: 2008, 2009 e 2010 #intervenção cirúrgica em 21/01/2013: de herniorrafia incisional abdominal, apendicectomia, colecistectomia.
*Herpes zoster ramo oftálmico 04/2015 fB02)
Neuropatia periférica em membros superiores e inferiores (G62,9), acarretando fraqueza muscular, parestesias e doreS, medicado e em seguimento pela equipe de dor
#Angioma cavernoso cerebelar em seguimento com neurologia
Tratamento: TDF±3TC+ATVr, ezetirnibe, alopurinol, AAS, atorvastatina, enoxaparina, clomipramina, risperidona, zolpidem, clorpromazina, flunitrazepam, gabapentina, amitriptilina, metadona
últimos exames; CD4=107D (08/03/2016) e Carga viralH cópias/mm i (29/08/2016)
São Paulo, 02/02/2017
Dra Angela N *rna / CRM 7*****Resultados dos Exames
Mais sobre mim? As quatro noites
Uma história dura, tal qual a realidade da vida que se esquecemos que é dura, ela dá um jeito de nos lembrar. Vou aguardar o livro porque uma coisa que não lhe falta é talento e certamente deve ter muitas histórias pra contar. Histórias tristes, histórias alegres, histórias que mostram que a vida tem valor e devemos lutar por ela, mesmo nos momentos mais difíceis.
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Sim, é uma história dura. Msa teve lá seus momento de regozijo e alegria. Fique em paz
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